Como sair de uma Crise Financeira?
Quando pensamos em uma empresa em crise, logo imaginamos que as causas são decorrentes de fatores internos como má gestão de custos, resultados ruins com investimentos, necessidades pessoais dos sócios que reduzem a liquidez do negócio, …etc.. , ou ainda, fatores externos, como cenários de crises econômicas, concorrência, produtos substitutos ou tecnologias que reduzam a demanda pelos produtos da empresa e aumento dos custos de fabricação com mão de obra, insumos produtivos ou utilidades. Sem dúvida estas são situações que levam a crise. Não é nosso objetivo descrever o que poderia ter sido feito para evitar tal situação, mas sim responder “Como sair de uma crise financeira”, quando estas causadas por estes fatores aqui mencionados.
A resposta obvia para esta questão é: ‘Para sairmos da Crise, precisamos voltar a vender!” É a primeira coisa que nos vem a cabeça. Estamos com o caixa apertado, sem reservas, alavancados financeiramente em bancos, e nossa saída é voltar a vender, fabricar, entregar, faturar e colocar dinheiro novamente no caixa. Muitas vezes esta saída fica parecendo ser a única a ser seguida, mas na verdade não é!
Crescimento das vendas significa expansão da necessidade de capital de giro. Faz crescer a necessidade de dinheiro para financiar a operação. Em um momento de caixa fragilizado o crescimento das vendas obriga a empresa a buscar dinheiro novo, o que pode se traduzir em expansão do nível de endividamento atual, ou em casos mais graves em se ver diante de situação de insolvência, quando os Bancos passam a exigir garantias que a empresa não tem, resultando em negativas para seus pedidos de financiamento.
Períodos com receita baixa, encolhe o resultado operacional e, portanto, cria dificuldade para se honrar compromissos do dia a dia e em caso mais extremos, para amortizar os pagamentos para os bancos, sendo necessários a rolagem da dívida. Da mesma forma que a queda na receita se traduz em problema, o crescimento acelerado dela também o é, em função do ciclo de caixa, que é o tempo em que o dinheiro aplicado na operação demora a retornar para o caixa da empresa. Quando vendemos um produto, antes de receber os valores como pagamento dos clientes, temos que comprar as matérias primas, processá-las, vende-las e aguardar os prazos de financiamento contratados com os clientes. Isso leva tempo e o dinheiro começa a sair muito antes das receitas entrarem. Quanto mais se vende maior é este valor do desencaixe e maior é a pressão no caixa. É claro que precisamos continuar vendendo, mas precisamos trabalhar algumas questões antes de se lançar as vendas e principalmente ter controle daquilo que se vende e da quantidade destas vendas.
Precisamos nos focar naquilo que nos traz resultado e nos volumes que podemos sustentar. Quanto melhor alinhado estiver estes dois vetores mais rápido saimos da Crise. O primeiro passo é reestruturar os custos e criticar a precificação dos produtos, se for possível. Esta reestruturação de custos esta subdividida em:
1) Reestruturação operacional, com um down grade nos custos e despesas operacionais com:
- aumento do giro de inventário e consequente redução dos estoques, liderando dinheiro para o giro;
- reestruturação da equipe interna, retornando a empresa a sua origem e que a impulsionou em sua infância;
- eliminação de todas as atividades e contratos que não estejam ligadas a oferta de valor aos clientes; e
2) Reestruturação estratégica de seu portifólio de produtos:
Tirando de linha produtos deficitários que não tem potencial de reposicionamento de preços, reposicionamento de preços, daqueles onde exista possibilidade de renegociação e assim , focar as vendas futuras nos produtos com maior margem de contribuição ou mesmo com potencial de margens de contribuições objetivas decorrentes da reestruturação operacional.
O Diretor de Projetos da NBS, Humberto Ribeiro, também alerta que ações de redução do prazo de financiamento aos clientes e aumento do prazo de pagamento aos fornecedores também são importantes para alívio do caixa. “Feito isso, deve-se retomar as vendas conhecendo o Ciclo de Caixa, te tal forma que o crescimento das vendas não venha comprometer a capacidade de sustentar o crescimento”, completou Ribeiro. Assim, devagar e de forma sustentável as receitas são retomadas e consequentemente, o desempenho operacional e a capacidade financeira da organização são recuperados.
Humberto Moura Ribeiro, engenheiro mecânico e de produção, formado pela FEI-SP (Faculdade de Engenharia Industrial), com MBA em Desenvolvimento Executivo pela FIA/USP. Conselheiro de Admministração de Empresas do setor Automotivo, Industrial e Farmacêutico, Diretor de Projetos do Grupo NBS com 30 anos de experiência em consultoria em gestão de processos, estratégias, finanças corporativa e especializado em sucessão familiar e governança.